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História da Vela

1921 - 1991

"Muitos anos antes da existência do C.D.P.A. já se realizavam regatas em Paço de Arcos com a assistência do rei D. Fernando (marido de D. Maria II), do réi D. Luís e sua esposa a rainha D. Maria Pia, que do Paço assistiam às regatas de vela, tradicionalmente conhecidas e que faziam parte dos grandiosos festejos da vila acompanhados das entidades mais representativas do país.

REGATAS DE PAÇO DE ARCOS



Este mapa é a cópia fiel dos que a Real Associação Naval usava nas regatas de Paço de Arcos em 1852, 1853, 1854, 1855, etc. das quais o Conde das Alcáçovas era a alma e Abel Powel Dagge, L.F. Moser e D. Garland os seus mais devotados colaboradores. Mais tarde é que os outros nomes se evidenciaram em colaboração com estes tais como: Visconde de Carreira, Francisco Soares Franco, Marquês de Fronteira, Frederico F. Pinto Basto, José Lourenço da Luz, Duque da Terceira, Marquês de Ficalho, Marquês das Minas, Conde de Farrobo Barão de Lazarim e tantos outros.

A Real Associação Naval, fundada em 1856, foi o único clube naval fundado por decreto régio, por proposta do Visconde de Atouguia e representação do Conde das Alcáçovas a Sua Magestade.

Posteriormente, com o aparecimento sucessivo de outras classes de barcos, tais como Monotipos", "12 Pés", "Moths", "Borjas", "Snipes", "Sharpies", "Vougas", "Stars" "Dragons", etc, que se propunham fomentar o incremento da vela no estuário do Tejo não fazia sentido que no único clube da vila localidade de largas tradições marítimas, onde o Patrão Joaquim Lopes deixou memória e família, não existisse uma secção de vela. Esse alheamento pelas coisas do mar era inconcebível. Assim o entendeu a Direcção de 1945 (a primeira depois da fusão) através da nomeação da seguinte secção: presidente Fernando Pires Moreira; 1 ° secretario Artur Assunção André; 2.° secretário Américo Paulo dos Anjos; tesoureiro Claudino Fernandes Vieira; vice-tesoureiro Pedro Duran Pórcio.

Esta secção inaugurou-se em 22 de Julho de 1945, coincidindo com o lançamento à água de dez embarcações de tipo "Borja". Houve cerimonial festivo, com "Porto de Honra" jantar de confraternização e baile.

O lançamento fez-se na praia velha, onde se ergueu uma tribuna para as entidades convidadas, os directores do C.D.P.A. e o sr. Francisco Borja, criador do novo tipo de barco.

Foram entregues diplomas de "Contribuintes Honorários da Secção" aos srs Mário Hilário, João Aires da Silva, Graciano dos Santos e José Martins, pela boa vontade demonstrada na construção das embarcações.

Em 1945, o clube organizou o 1.° campeonato de Lisboa de Borjas, segundo regras por si estabelecidas. Embora concorrendo pela primeira vez e tendo como adversário o experiente Clube Náutico Maré Nostrum, o C.D.P.A. foi o brilhante vencedor individual e por equipas.

Eis as principais classificações:

Geral individual (28 concorrentes): 1º Silvino Pereira (PA) 29 pontos; 2.°, Horácio Borja (MN) 27 pontos; 3.° Joaquim Lopes (PA) 27 pontos; 4.°, José de Almeida (PA) 26 pontos; 5.°, Firmino Ferreira (PA) 25 pontos.

Por equipas - Inter Clubes: (14 conjuntos): 1.°, Firmino Ferreira e João Aires (PA) 24 pontos; 2.º, Claudino Vieira e Ilídio Ferreira (PA) 23 pontos; 3.º Fernando Moreira e Pedro Pórcio (PA) 22 pontos. Portanto:

1.° Clube Desportivo de Paço de Arcos 69 pontos (1.°, 2.° 3.°)
2.° Clube Náutico Maré Nostrum 46 pontos (4.°, 6°, 7.°).'

AS REGATAS DE O "DIA DO PATRÃO LOPES" NASCERAM EM 1 DE SETEMBRO DE 1946

A propósito do que se diz anteriormente, dá-se a palavra ao jornal desportivo "A Baliza" de 26 de Agosto de 1946.

O "DIA DO PATRÃO LOPES" PODERÁ REANIMAR A ACTIVIDADE NÁUTICA NA BAÍA DE PAÇO DE ARCOS

Uma entrevista oportuna com José Moreira Rato.

Na simpática vila de Paço de Arcos que desde tempos recuados tomou fama de aristocrata devido à categoria dos veraneantes que a frequentavam, é costume realizar-se já há muitos anos, os festejos do Senhor dos Navegantes, patrono da gente do mar.

Incorporado nestes festejos, o Clube Desportivo de Paço de Arcos, que aos desportos náuticos dedica grande atenção, organizou para este ano um vasto programa de realizações desportivas, no qual estavam incluídas regatas de Vela para todas as classes de barcos e que, com o título de "Dia do Patrão Lopes" se haviam de efectuar no passado dia 25.

O mau tempo, porém, impossibilitou a disputa daquelas regatas, que ficaram adiadas, então para o próximo domingo, 1 de Setembro de 1946.

Estes projectos despertaram interesse pelo que revelaram de valor desportivo e espírito de solidariedade, e quisemos, por isso, aprofundar um pouco mais a actividade da secção de vela daquele clube.

ONDE COMEÇA UMA ENTREVISTA

Estivemos em Paço de Arcos e, acompanhados pelo sr. José Silva Moreira Rato, presidente da Secção, visitámos as dependências da sede e, precisamente quando parávamos em frente do escaparate das taças, aquele dedicado e incansável dirigente começou por nos contar:

— Há umas dezenas de anos atrás. Paço de Arcos era o maior centro de desportos náuticos do País, onde se realizavam as mais importantes regatas de vela e de onde sairam depois os fundadores de muitos clubes navais.

"Era aqui, na baía de Paço de Arcos, que se juntava toda a qualidade de barcos do nosso Tejo, e em dia de regatas era vê-los vaidosos nas suas canoas, correndo por esse rio fora.

Lembra-se de alguns nomes? — interrompemos.

— Eram os d'0reys, na canoa "Fatinitze"; os Mascarenhas e o Fiúza na "Bem vinda" e na "Bem haja"; José Ricardo, na "Boneca"; Penha Lopes, que corria na "Zinha"; e entre outros nomes que me lembrem, o dr. Costa Cabral, Filipe Taylor - muitos mais, que animavam tanto as regatas daquele tempo.

E os irmãos Moreira Rato — acrescentámos.

— Sim, nós também acompanhámos toda esta evolução e eu, então, a bordo do "Trost", d'0rey, que hoje se chama "Trupy" e pertence a Frederico Vidal, cheguei a ter as minhas aventuras, principalmente quando um dia resolvemos descer à Costa do Algarve e daí seguir para Tanger.

— Boas recordações... — observámos.

— E bastantes. Quando me ponho a contemplar estas taças lembro-me do que algumas delas representam... A maioria foi ganha por velejadores de um dos antigos clubes, que formou o actual Desportivo de Paço de Arcos.

O RENASCIMENTO DA ACTIVIDADE NÁUTICA

Continuando, o sr. Moreira Rato diz-nos:

— Em 1932 tudo acabou — e daí até ao ano passado, tivemos um intervalo de treze anos, em que a actividade foi nula.

"Fazia pena que depois de termos atingido aqui, em paço de Arcos, o auge dos desportos náuticos, estivéssemos limitados a uns passeios particulares de vez em quando.

"Assim, no ano passado, o clube tomou novas directrizes para fazer renascer o desporto da vela nesta localidade.

A secção da vela deste ano, orientada por mim, com o bom auxílio de José Teixeira, José Morales de los Rios, Manuel de Almeida e de outros dedicados sócios, levou avante o programa de trabalhos que havíamos elaborado.

"Hoje contamos já com 16 barcos "Borja", da classe do "maré Nostrum" e 4"Snipes"..., mas não ficamos por aqui, pois tanto duma como doutra classe já temos mais a construir, além dos "Sharpies", classe que também desejamos possuir.”

O "DIA DO PATRÃO LOPES"

Satisfeitos e interesados por tudo quanto o sr. Moreira Rato nos transmitia, continuamos:

- E qual tem sido a actividade da nova secção de vela do clube, no que diz respeito a regatas?

- Organizámos o Campeonato de Lisboas de "Borjas", que se fará todos os anos e estamos a tratar, pela primeira vez, do "Dia do Patrão Lopes", em homenagem àquela memorável figura de marinheiro que, de nascimento humilde, veio muito novo de Olhâo, onde nascera, e aqui em Paço de Arcos, pelo seu mérito e feitos heróicos se tornou um grande homem do mar, chegando a ter o posto de comandante da Armada Portuguesa, apesar da sua pouca cultura literária.

"Esta iniciativa teve o apoio de muitos clubes desportivos, comprovado pelas inúmeras inscrições recebidas para as regatas, e contamos com uma colecção de taças, de várias procedências, que muito nos penhorou. São as seguintes:

Taça "Câmara Municipal de Oeiras"; taça "Estoril", oferecida pela Sociedade da Costa do Sol; taça "Pasteur", oferta do Grupo Desportivo do Instituto Pasteur; taça "Casa dos Rapazes" de Paço de Arcos; taça "Sano-Técnica"; taça "Couraça"; taça "Comércio de Paço de Arcos" - e vários prémios, em objectos de valor e medalhas.

O sr. José Silva Moreira Rato, para concluir, ainda nos afirma:

- Estou convencido que estas regatas do "Dia do Patrão Lopes" é que vão levantar de novo a prática da vela em Paço de Arcos.
E nós ao vosso lado, para os ajudar — acrescentámos.

E num franco aperto de mão, despedimo-nos até domingo.

J. SANTA BARBARA

Houve, inicialmente, um entusiasmo muito grande entre os participantes da modalidade e o clube passou a organizar anualmente, por altura do seu aniversário, as célebres e tradicionais regatas de Paço de Arcos, designadas "Dia do Patrão Lopes", instituindo, para essas mesmas regatas, um valioso trofeu com o nome e em homenagem ao grande heróis, o inesquecível "Lobo do Mar", Patrão Joaquim Lopes.

Apesar da grande vontade e dedicação dadas à causa da vela, não foi duradoiro o entusiasmo nascido entre os pioneiros da vela do C.D.P.A., rapazes criados à beira mar, por lhes ter faltado instalações próprias para recolher as embarcações durante a época de Inverno.

Mas, quando o Centro Náutico foi uma realidade, o Paço de Arcos acordou de novo para a vela, sacudiu-se, empertigou-se e escreveu páginas de prestígio e glória para o clube e para o desporto náutico em Portugal.

Os nomes e números que adiante se verão são esclarecedores de quanta dedicação sacrifício e amor à vela foram precisas para hoje o C.D.P.A. ser um dos clubes mais credenciados e ter na vela uma área desportiva de valor e grandeza paralelos às outras modalidades ditas da primeira frente. Para atingir tal posição muito se ficou devendo às sucessivas direcções seccionistas, atletas e colaboradores.

1964 - O TROFEU "PATRÃO LOPES" FOI UM ÊXITO

O C.D.P.A. instituiu este magnifico trofeu, da autoria do escultor Domingos Soares Branco, para quem ganhasse 3 vezes consecutivas ou 5 alternadas a grande regata oceânica Paço de Arcos/Sesimbra e volta. A primeira regata foi ganha pelo iate "Alverne" do Dr. Guilherme de Oliveira em 29/30 de Agosto de 64.

  

CAMPEONATOS E CAMPEÕES

CLASSE OPTIMIST (1984)
Campeão Regional, Rui Silva
Campeão Nacional, Rui Silva

CLASSE SNIPES (1980)
Torneio "25 de Abril" (1980), C.D.PA

CLASSE "VAURIEIM"
Torneio "25 de Abril", C.D.P.A

CLASSE "HOBIE CAT 14" (1987)
Campeão Nacional, Luís Raul Pacheco e Corado da Silva Leite
Campeão Ibérico, Luís Raul Pacheco e Corado da Silva Leite

CLASSE "HOBIE CAT 16" (1987)
Campeão Nacional, Anselmo Vulardebó e Ricardo Schedell

CLASSE "LASER" (1987)
Campeão Nacional Júnior, Rui Silva
Campeão nacional Absoluto, Rui Silva
Campeão Ibérico Júnior, Rui Silva

(1988)
Campeão Nacional Júnior, Nuno Pena
Campeão nacional Absoluto, Rui Silva
Ranking Nacional por equipas, 1º C.D.P.A.

(1989)
Ranking Nacional Individual, Ricardo Baptista
Campeão Nacional por equipas, C.D.P.A.
Ranking nacional por equipas, 1º C.D.P.A.

CLASSE "470" (1987)
Ranking Nacional, Pedro Silva e Jorge Silva

(1988)
Campeão Nacional, Pedro Silva e Jorge Silva

VELEJADORES INTERNACIONAIS

Carlos Martins, "Moth Europe"
J. Mendonça, "Vaurien"
Jorge Silva, "Optimist"
José Guilherme, "Optimist"
José Trindade, "Vaurien"
Luís Raul P. C. Silva Leite, "Hobie Cat 14"
Pedro Silva, "Optimist"
Sequeira da Maia, "Optimist"

...

(Extractos do livro "História do Clube Desportivo de Paço de Arcos de 1921 – 1991")

1992 - 1996

Das áreas desportivas praticadas no C.D.P.A., a Vela é a mais antiga, pois desde a sua fundação (1921) jamais voltou as costas ao Tejo e às práticas aquáticas. A Vela foi sempre uma potencialidade em termos de clube e nacional. São célebres as regatas do "Dia Patrão Lopes" que todos os anos o Paço de Arcos organiza por alturas das "Festas do Senhor Jesus dos Navegantes'.

Nos últimos cinco anos, o C.D.P.A. continuou a ter velejadores internacionais nas classes "Laser" e "Optimist". E, até, um laserista campeão do Mundo.

A frota "Optimist" destinada a jovens foi numerosa em quantidade e qualidade.

A formação de novos velejadores foi uma constante do Clube.

Destaque, também, para a Escola de Vela para Jovens, que teve por objectivo transmitir os primeiros conhecimentos de Vela aos mais novos, e a Escola para Adultos, com a finalidade de se ministrar um Curso Básico de Vela (teórico/prático) para maiores de 16 anos.

CAMPEONATOS E CAMPEÕES

ESCOLA DE VELA

1992
Campeão Regional e Campeão Nacional (equipas) C.D.P.A. (Diogo Lopes, João Fagulha, David Xavier, José Rego e João Peters)

1993
Campeão Regional (equipas) C.D.P.A. (André Barros, David Xavier, Tiago Alves, João Peters e Nuno Ferreira)

CLASSE "OPTIMIST"

1994
Campeão Regional do Centro, Gonçalo Lopes
Campeão Nacional (equipas), C.D.P.A. (Gonçalo Lopes, Diogo Lopes, João Silva, Gil Penha Lopes e Tiago Alves)

1995
Campeão Ibérico, João Silva
Campeão Regional do Centro, Diogo Lopes
Campeão Regional do Centro (equipas) C.D.P.A. (Gonçalo Lopes, Diogo Lopes, João Silva, Gil Penha Lopes e Tiago Alves)

1996
Campeão Regional do Centro, Diogo Lopes

CLASSE "470"

1991
Campeão Nacional, Rui Silva e Jorge Silva
Ranking Nacional, Rui Silva e Jorge Silva

CLASSE "LASER"

1991
Campeão de Portugal (Júnior), Campeão Nacional (Júnior) e Ranking Nacional (Júnior), Vasco Batista

1992
Campeão de Portugal (Júnior), Campeão Nacional (Júnior), Campeão Ibérico e Ranking Nacional (Júnior), Vasco Batista
Campeão Ibérico (absoluto), Ricardo Batista

1993
Campeão Nacional (Júnior) e Campeão Ibérico (Júnior), Rui Coelho

1994
Campeão Nacional (Júnior) e Campeão Ibérico (Júnior), Gonçalo de Carvalho
Ranking Nacional (Júnior) e Campeão do Mundo (Radial) Rui Coelho

1995
Regata Internacional de Nantes, Rui Coelho

1996
Campeão Ibérico, Gonçalo de Carvalho

CLASSE OLÍMPICA

1996
Campeão de Portugal ("Finn"), Vasco Batista

VELEJADORES INTERNACIONAIS

"Optimist": - António de Carvalho, Diogo Lopes, João Silva e Tiago Alves
"Laser": - Gonçalo de Carvalho, Ricardo Batista, Rui Coelho e Vasco Batista
"470": - Rui Silva e Jorge Silva

VELEJADORES OLÍMPICOS

"Soling": - (Barcelona/1992), Ricardo Batista
"Finn": - (Atlanta/1996), Vasco Batista"

(Extractos do livro "História do Clube Desportivo de Paço de Arcos de 1991 – 1996")
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